Resumo: É cada vez mais difundida, e aparentemente aceita, a idéia da emergência de um novo paradigma produtivo, com o fim do fordismo e gradual estabelecimento de uma economia pós-industrial, cuja característica mais marcante seria a flexibilidade que se refere aos produtos, mercados, tecnologias e trabalho.

Uma das conseqüências dessa transformação seria o aumento da mobilidade profissional, e a exigência de competências até agora não consideradas na formação técnica, com redução do predomínio da visão tecnicista.

Essa mudança paradigmática não poderia prescindir, imagina-se, de uma nova formação dos engenheiros numa perspectiva interdisciplinar, que os torne capazes de integrar os aspectos técnicos e sócio-organizacionais.

Por outro lado, cresce o movimento que considera a ciência-tecnologia como construção social e que reivindica uma formação tecnológica com forte comprometimento social.

Neste artigo discutimos algumas das características desses novos modelos de produção e os novos atributos que seriam 'necessários' para os engenheiros, empregando referenciais CTS.

Palavras-chave: Formação do Engenheiro, Ciência Tecnologia e Sociedade (CTS), Modelos de Produção, Análise sociotécnica

Resumo: Realizamos neste trabalho uma breve síntese de teorias que tratam da constituição do conhecimento. Abordamos as compreensões empirista, apriorista e construtivista. Objetivamos com isso embasar reflexões, algumas delas aqui empreendidas, a respeito da maneira como no ensino de engenharia brasileiro este tema é tratado. Buscamos aclarar esta questão fundante de processos que tenham compromissos de conhecer suas próprias especificidades e seu lugar no espaço social. Firmamos o entendimento de que uma compreensão mínima destas questões é essencial na formação e ação docente, e que, para que desem- penhemos a função de educadores com mais clareza, devemos nos situar teoricamente e saber que linha epistemológica adotamos como referência nas nossas ações. Um ponto importante abordado no artigo diz respeito à compreensão de que a prática dominante no ensino de engenharia está centrada na aceitação acrítica de uma determinada postura filosófica: o positivismo. Segundo o que registramos, a assunção praticamente incondicional desta prática hegemônica estaria interpondo obstáculos pedagógicos de difícil superação. Mais que uma crítica a este quadro, neste artigo procuramos traduzir para atores do meio técnico uma síntese do pensamento epistemológico que embasa as principais teorias do conhecimento hoje acordadas.

Resumo: Neste artigo nós apresentamos uma atividade didática realizada com alunos de Introdução à Engenharia Mecânica da UFSC. Trata-se de uma experiência em que conjugamos avaliação com técnica de ensino. Procurando quebrar o estilo tradicional de provas, aplicamos um modo alternativo de envolver ensino, aprendizagem e avaliação. Nesta atividade, avaliação e participação dos indivíduos num trabalho de grupo são integradas na construção do conhecimento. Nela, os próprios alunos, sob orientação dos professores, estudam determinados assuntos, em equipe, preparam questões para a classe inteira, estas questões são discutidas no grupo maior e, após as socializações das compreensões e de discussões das suas lógicas, pelo conjunto dos alunos, realiza-se aquilo que tradicionalmente se entende por prova (ou avaliação). Neste artigo é apresentada uma síntese dos principais embasamentos que orientam esta atividade, bem como uma descrição da sua estrutura.

Resumo: Conhecer os alunos com quem vamos trabalhar deve ser uma premissa básica para empreendermos um ensino que resulte em aprendizagem transformadora. Neste artigo, na busca deste conhecimento, desenvolvemos basicamente duas linhas de ação. Numa delas, defendemos uma sistemática e constante ausculta das visões, dos sonhos, das histórias pregressas, das ambições e dificuldades dos alunos que ingressam num curso de engenharia. Na outra, para dar suporte às nossas considerações, analisamos questionamentos registrados pelos alunos, destacando algumas das conclusões mais marcantes a que chegamos com esta atividade. Este trabalho de ouvir alunos é realizado a cada semestre letivo, com novas turmas. Neste artigo, abordamos uma síntese destas consultas. Mas ele não se restringe a uma apresentação fria de gráficos e tabelas. Segundo nossos entendimentos, e os registros oferecidos pelos alunos nos ajudam a trabalhar estas questões, filosofias de vida, visões de mundo, dificuldades familiares e ambições profissionais estariam influenciando e moldando o ensino que os padrões atuais não conseguem ou não querem captar.

Resumo: Rechaçando visões de neutralidade e de independência dos objetos técnicos, neste artigo busca-se entender como produtos funcionalmente predeterminados, como as garrafas plásticas, são absorvidos pela sociedade, modificando-a e sendo por ela modificados. São apresentados alguns exemplos de aplicação alternativa de garrafas plásticas vazias, procurando demonstrar de que forma a sociedade as reinterpreta. Esta reinterpretação é encarada como uma apropriação estratificada dos resultados da sociedade tecnológica. O texto segue uma linha de abordagem que procura contextualizar os produtos técnicos – objetos de trabalho dos engenheiros – dentro de um enfoque mais amplo, que vá além das questões tradicionalmente consideradas nesta área, normalmente restritas aos seus aspectos instrumentais e intelectuais. A relação do assunto com o ensino é inferida do entendimento de que as apropriações da profissão são modificadas de uma geração para outra via processo educativo, e que uma abertura de ação dos engenheiros será consequência, em grande parte, de uma abertura do seu ensino.

Resumo: São apresentados os objetivos e discutidas as linhas mestras que estão norteando a criação e a implantação de um núcleo de estudos e pesquisas em educação tecnológica com base na UFSC. Defendendo ser esta uma das maneiras de fazer frente às profundas alterações sociais que se processam na civilização contemporânea, propõe-se a criação de núcleos similares nas várias escolas de engenharia brasileiras. Objetivando uma melhoria do ensino e sua adequação à esta nova realidade, defende-se a necessidade da formação de professores e de reflexões profundas tendo como base questões que permeiam a educação tecnológica.

Resumo: Objetiva-se com este artigo resgatar e registrar alguns aspectos históricos e técnicos dos engenhos de cangalha. Desenvolvidos pelos colonos açorianos que migraram para Santa Catarina no século 18, estes equipamentos de fabricação, verdadeiras células de manufatura, revolucionaram a produção de farinha de mandioca, produto que assimilaram dos índios brasileiros. É descrito o engenho e o seu funcionamento, sendo apresentadas e discutidas algumas das suas características técnicas. O trabalho faz parte de uma proposta de introdução de abordagens CTS na engenharia brasileira e no seu ensino.