Resumo: Ao refletir acerca da relação entre direitos humanos, tecnologia e sociedade, com este texto, há uma intenção de contribuir para o permanente debate sobre as repercursões sociais das inovações científico-tecnológicas. Busca-se evidenciar o imbricamento, a interdisciplinaridade e a urgência com os quais devem ser tratadas as questões relativas ao presente-futuro das gerações de homens e mulheres, à luz da abordagem CTS, do Direito e da Educação em Engenharia. O ponto fulcral, portanto, desse texto são as interseções entre tais áreas do conhecimento. Visando compreender essa relação, procura-se responder a seguinte problemática: Em que medida a positivação dos direitos humanos favorece o avanço da ciência e da tecnologia em prol do meio ambiente e da sociedade em geral? Pelo entendimento em torno da complementaridade entre os dados qualitativos e quantitativos, a pesquisa fundamenta-se em princípios da metodologia qualitativa. Os resultados sinalizam a necessidade de inserir os seres humanos em intensos processos educativos, que sejam capazes de efetivar a livre criação compartilhada para a superação de uma sociedade de espetáculos, mecanizada e dedicada à máxima produção e consumos materiais exacerbados.

Resumo: A Revolução Industrial transformou tudo que se conhecia sobre quantidade, qualidade e eficiência de produção e se estendeu para todos os setores da sociedade. Depois dela, uma nova revolução dos meios de produção ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. Portanto, os últimos dois séculos, 19 e 20, criaram a cultura mundial de que crescimento é igual a progresso. Hoje vivemos numa sociedade que anseia por crescer a qualquer custo, iludida de que seu desenvolvimento será uma decorrência direta dele. Crescimento tornou-se um vício. Suas consequências a longo prazo tendem à escassez de recursos naturais e ao colapso humano. Presumindo que a maioria da sociedade científica, as escolas de engenharia e a sociedade em geral não percebem ou ignoram esse fato, este artigo traz à tona a situação para a qual o mundo se encaminha, sob aspectos sociais e ambientais.

Resumo: No Brasil, os programas de pós-graduação foram um dos primeiros espaços a acolher as discussões dos estudos Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Isso aconteceu no ultimo quarto do século 20, momento de consolidação da pós-graduação e da pesquisa brasileiras. Áreas de concentração e linhas de pesquisa foram criadas e iniciaram um debate que extrapolava o ensino e aprendizagem e se voltava a uma proposta mais ampla e crítica em torno da Educação Científica e Tecnológica. Os/As professores/as formados/as sob essa perspectiva crítica começaram a influenciar o ensino de graduação, ministrando disciplinas, obrigatórias ou optativas, propondo projetos voltados ao ensino, buscando, em suma, uma formação que contemplasse aspectos éticos, sociais e ambientais, antes desprezados por departamentos de engenharia e centros tecnológicos. Neste trabalho, pretendemos discutir a relação entre os estudos CTS e o ensino de graduação em engenharia no Brasil, analisando as experiências da UFSC e da UFRN, considerando, outrossim, seus diferentes contextos sociais e regionais. No contexto do crescimento da educação superior brasileira e das tendências crescentes de desenvolvimento do País, em que a demanda por mão de obra qualificada em áreas como a engenharia também ascende, é imperativo refletir sobre a importância de uma formação social e humanística dos/as engenheiros/as, para além da sólida formação científica e tecnológica, obviamente. Falamos, aqui, não apenas em desenvolvimento econômico, mas em formação de cidadãos e em desenvolvimento social.

Resumo: “O principal propósito da minha apresentação é provar aos senhores que não se está ensinando ciência alguma no Brasil!” Eu os vejo se agitar, pensando: “O quê? Nenhuma ciência? Isso é loucura! Nós temos todas essas aulas”. Este é o trecho de um depoimento do físico Richard Feynman quanto às suas impressões sobre o sistema educacional brasileiro, depois de ter lecionado por dez meses para estudantes de Física e Engenharia no Rio de Janeiro, entre 1951 e 1952. Tristemente, depois de sessenta anos seu depoimento continua retratando com bastante precisão o cenário da educação no Brasil – primordialmente a tecnológica – onde os alunos decoram conceitos sem compreender o que eles representam, pouco exercem seu poder reflexivo e acabam sendo levados a um caminho de aprendizado apático. Este artigo busca detalhar esse viés da educação brasileira, através da experiência dos autores na qualidade de professores e de estudantes de engenharia.

Resumo: As grandes discussões e reflexões acontecem nos momentos mais diferentes da atividade humana. Na disciplina Tecnologia & Desenvolvimento, ministrada no curso de Engenharia Mecânica da UFSC, várias questões que influenciam a atividade do engenheiro na sociedade contemporânea são trazidas à tona. Numa delas, quando falávamos da importância da máquina na mudança comportamental da sociedade como um todo, a seguinte questão foi levantada por alunos que sempre fazem a conotação da filosofia com a profissão do filósofo: de que serve tanta “verborrogia”, quando o ser humano precisa produzir, produzir e produzir? Questão que sempre habita o inconsciente dos estudantes – e também de professores – que trabalham com a tecnologia. É sobre isso que pretendemos trabalhar neste artigo. E essa tal de Filosofia, o que tem a ver com Tecnologia? Discussão que há muito tempo “tangencia” nossas preocupações mas que sempre cai apenas nas discussões efêmeras e, com poucas excessões, dificilmente passa a habitar os conteúdos daqueles que trabalham a relação tecnologia/sociedade nas escolas de Engenharia.

Resumo: Esse artigo expõe dados da pesquisa de doutorado realizado no Programa de Pós- Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em que se buscou entender como os gestores e empreendedores de Incubadoras de Empresa de Base Tecnológica do Paraná (IEBT-PR) percebem as relações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico. A abordagem metodológica foi a pesquisa qualitativa de natureza interpretativa, tendo como técnica de coleta de dados a entrevista individual semi-estruturada. A amostra constou de vinte e nove (29) participantes. Os principais resultados mostram que a maioria dos empreendedores fica muito atrelada aos aspectos positivos da inovação tecnológica. Também evidenciou a necessidade da educação tecnológica promover reflexões efetivas sobre as relações ciência tecnologia e sociedade, o que parece ser fruto da educação tecnológica que receberam.

Resumo: Com a popularização da mídia, a forma de ensino em escolas e universidades foi sendo modificada. Hoje em dia tem-se uma maior velocidade no surgimento e transmissão de conhecimentos e informações, especialmente em se falando de engenharias. Da mesma forma como a mídia aliena as pessoas, os estudantes de engenharia também vão sendo moldados durante o curso, sem muito se questionarem a respeito da validade e/ou consequência do que estão aprendendo. Isso é facilitado pelo método de aula de alguns professores, e também pelo fato de nem sempre os próprios mestres refletirem sobre o que estão ensinando. A imagem de Engenheiro transmitida à população é de que eles são pessoas estritamente ligadas às indústrias, à produção e às máquinas; e que são algo à parte da sociedade. Esta é a visão com que os estudantes entram nos cursos de engenharia, e pelo fato de o próprio curso não estimular a crítica, é também a visão que o engenheiro formado tem de si. Esquece-se que o curso, além de formar especialistas, deve formar cidadãos preocupados com o desenvolvimento sustentável e com o bem-estar da população.

Resumo: Há muito tempo nos preocupamos com a chegada dos alunos à Universidade. Mais especificamente, com os alunos das Engenharias. As dúvidas, as inquietações, as novidades, as angústias e as expectativas em relação a sua futura profissão transformam essa ocasião em um momento único. Os procedimentos em relação ao curso, às perspectivas do mercado de trabalho… apenas isso já representa questionamento relevante que merece tratamento além do puramente técnico. Estamos atendendo a esses anseios? Por tudo isso, achamos pertinente relatar, com os devidos aportes didático-pedagógicos, uma abordagem dessas questões na disciplina Introdução à Engenharia Mecânica da UFSC.

Resumo Neste trabalho, buscamos refletir sobre a formação do engenheiro e dos profissionais que, direta ou indiretamente, atuam nas diversas áreas implicadas no uso e na produção de tecnologias. Para isso, faz-se premente repensar suas ações no mundo da vida prática e os seus impactos para a sociedade, aprofundando o debate em torno do conceito de responsabilidade social. Para tanto, partimos das seguintes problematizações: tendo em vista as várias facetas da formação profissional e da responsabilidade social, quais os fundamentos que as norteiam? Se é verdade que o progresso científico-tecnológico não possibilita de per si o desenvolvimento humano, o que e como fazer para disponibilizar uma formação capaz de favorecer o desenvolvimento da razão sensível, ou seja, dos sentimentos entre os humanos e os demais seres em geral, a sua criatividade, a sua intuição, possibilitando assim que o mesmo seja capaz de compreender a perspectiva do outro, vivenciando e compartilhando de forma equilibrada as reações emocionais em prol do bem comum? Portanto, a expectativa na resolução desses questionamentos se acenta na possibilidade de um efetivo diálogo entre os profissionais reunidos para esse debate – que, de certo modo, delineiam as suas concepções e as suas práticas sociais.

Resumo: Os efeitos do trabalho em demasia já se tornaram preocupantes problemas de saúde. Cansaço, falta de concentração, estresse, depressão, ansiedade… são consequências da supervalorização do trabalho na sociedade pós-revolução industrial e podem desencadear diversas outras enfermidades mais alarmantes. Estes efeitos são observados ainda no período de graduação por diversos alunos de cursos de Engenharia, que os enfrentarão novamente durante suas vidas quando ingressarem no mercado de trabalho, seja como engenheiros, seja como administradores. Alguns destes alunos possivelmente enfrentarão situações de desemprego, receberão baixos salários e desenvolverão problemas de saúde que diminuirão sua expectativa de vida. Outros poderão ser grandes executivos ou cientistas brilhantes e acumularem grandes quantias de em suas contas bancárias. Por que existem estas diferenças? Por que não discutimos sobre isso durante a graduação? Quais os impactos destas disparidades na sociedade? São estas e outras perguntas que procuramos responder no presente texto.