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Conversando sobre Educação Tecnológica


Apresentação

 O que esperar

Em vários países, discutir sobre tecnologia já faz parte do cotidiano, se não de amplas camadas sociais, pelo menos de vários grupos mais intelectualizados. No Brasil, através do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica – NEPET/UFSC, as reflexões acerca dessa temática se aprofundaram no sentido de viabilizar o debate e de tentar compreender as ressonâncias do vínculo entre o desenvolvimento científico e o desenvolvimento humano.

É certo que outros grupos de pesquisas também estão engajados na missão de contribuir para uma formação humana capaz de acompanhar o progresso da tecnologia. Nota-se que, pouco a pouco, os espaços formativos de excelência no país vêm promovendo ações para garantir o cumprimento de tal incumbência relativa à constituição de seres humanos éticos e comprometidos com a sobrevivência do Planeta e das espécies.

Procuramos nos apropriar de discursos que objetivem superar os modismos ou as culturas instituídas. Sempre refutamos as ideias vinculadas a monólogos e receituários. Primamos pela confluência de diferentes visões na tentativa de entender o processo e, somente a partir do encontro, acreditamos ser possível a busca de alternativas para resolver problemas derivados da relação educação e tecnologia.

Por julgarmos necessário que algo deva ser feito para se enfrentar mais racionalmente a coisa nebulosa, potente e – assim parece – inexorável que se chama tecnologia, esmiuçamos um pouco os seus meandros, com mais uma parcela de reflexões em torno da educação tecnológica.

Óbvio, este assunto não é novo. Porém, nunca se questionou tanto a era da tecnologia. Dentro de certos limites, talvez ainda bastante acanhados, ele já vem sendo abordado e discutido. É possível que pouco tenha sido feito até aqui para entendê-lo mais profunda e amplamente, sob pontos de vista mais alvissareiros, e principalmente com efeitos mais consentâneos ao seu grau de importância social. Que não se espere deste livro a “cura” para os possíveis males apontados na área. Trata-se de uma perspectiva semiótica, uma interpretação de alguns aspectos da questão, e deve ser encarado como uma das chaves de leitura a fazer parte do encontro entre pessoas que atentas e acolhedoras se escutam em prol da vida. É possível que a mudança de enfoque que nele viceja represente seu maior trunfo.

Embora quase sempre nos refiramos ao ensino de engenharia – por ser resultado do próprio processo de formação e de experiências profissionais de dois dos autores – continuamos embalando ideias de, ao falar sobre as suas especificidades, fornecer elementos para extensões mais ousadas em áreas afins ou correlatas. Justifica-se daí a presença entre nós de uma especialista em educação e linguagem, preocupada de igual modo com a relação entre ciência, tecnologia e sociedade, especialmente no que se refere à formação dos seres humanos.

Fazemos, por fim, um brinde a uma série de aspectos filosóficos, que mostram mais profundamente a interdependência entre os conhecimentos humanos mais abrangentes e a educação tecnológica.


A continuidade de um projeto

Após a publicação do livro “Educação Tecnológica, enfoques para o ensino de engenharia”, de Walter Antonio Bazzo, Luiz Teixeira do Vale Pereira e Irlan von Linsingen, o NEPET/UFSC no bojo de suas ações traçou um plano, ainda meio tímido, para organizar coletâneas de suas recorrentes produções sobre educação profissional e tecnológica. Este livro resulta desse projeto inicial. Embora seja esta a sua origem – pelos propósitos que adotamos desde que nos inserimos no tema –, ele busca reunir trabalhos apresentados em diversos fóruns da área na tentativa de os libertarmos do inevitável enclausuramento imposto pela própria dinâmica desses eventos.

Os textos que deram origem a este livro, portanto, foram escolhidos dentre os produzidos no intervalo de 2008 a 2012, e retrabalhados no sentido de conferir certo encadeamento aos assuntos, procurando-se eliminar repetições, sem que se incorresse em perda da completitude de cada tema tratado, o que permite leituras independentes dos capítulos. As aparentes quebras de sequência teórica e fragmentações percebidas no decorrer do texto, tanto quanto eventuais ausências denunciadas, hão de ser computadas no rol dos necessários cortes.

Sem dúvida, nosso projeto segue acanhado em alguns pontos e ambicioso em outros. São as questões de sempre. Nada de novo! É o eterno retorno do mesmo, como diria Nietzsche. Por um lado ele é despretensioso porque os principais eixos articuladores da discussão sobre a educação tecnológica estão sendo esmiuçados pelo NEPET e, de certa maneira, já destacados em alguns de nossos artigos. Por outro lado, é ambicioso na medida em que procura aglutinar as compreensões acerca da educação tecnológica e contribuir para o avanço e a solidificação da área naquilo que se refere à formação dos seres humanos, especialmente no tocante à docência e aos seus elementos constitutivos.

As temáticas aqui tratadas fazem parte das preocupações diárias de um professor de tecnologia e dizem respeito ao seu cotidiano como profissional da educação, porém muitas vezes por ele ignoradas – talvez pela falta de conhecimentos nas ciências humanas, talvez pela inexistência de material apropriado para encampar ou talvez pelas razões derivadas de suas vinculações/inclinações político-ideológicas no campo científico.

Finalmente, ratificamos que os objetivos primordiais desta obra são socializar algumas ideias embrionárias entre os professores que como nós lecionam, pesquisam, pensam sobre e/ou produzem tecnologia, provocar suas reflexões – na expectativa que possam traduzir as inquietações em ações fecundas, e sobretudo explorar outros campos da educação tecnológica e de outras áreas usualmente não consideradas, prioritariamente no Brasil.

Para finalizar, considerando que os embasamentos das nossas ações ultrapassam em muito a simples vontade de acertar ou de fazer, esperamos que o diálogo seja sempre como o presente de todos os dias. Boa leitura.

Walter Antonio Bazzo
Luiz Teixeira do Vale Pereira
Jilvania Lima dos Santos Bazzo

Prefácio

  Em 1997, preocupados com a falta de bibliografia existente na área de educação tecnológica no Brasil, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica (NEPET), através da Editora da UFSC, publicou o livro intitulado Ensino de Engenharia, na busca de seu aprimoramento, de autoria de Luiz Teixeira do Vale Pereira e Walter Antonio Bazzo. Dentro do paradigma dominante nas escolas que trabalhavam tecnologia – mais precisamente nas escolas de engenharia –, a escrita parecia um devaneio, um total equívoco, uma ousadia sem medida. No entanto, quão benéficos foram a ousadia e o “equívoco” cometidos, pois o livro se esgotou de forma surpreendente.

Em 2000, para continuar tentando reinterpretar o mundo contemporâneo e atualizando as suas informações, outro empreendimento fez nascer Educação Tecnológica, enfoques para o ensino de engenharia – como salientado na apresentação deste trabalho. Mais uma surpresa que rompe o paradigma dominante e desvela algumas anomalias existentes na área, indicando que no Brasil ainda há uma imensa lacuna bibliográfica. Em 2008, acrescida de mais dois capítulos, uma nova edição desta obra foi publicada.

Agora, após cinco anos do lançamento da segunda edição de Educação Tecnológica, o NEPET, através de três de seus componentes, apresenta mais uma de suas façanhas, o livro Conversando sobre educação tecnológica, com textos baseados em artigos produzidos no intervalo desse tempo – 2008-2012.

A partir das preocupações concernentes à relação ciência, tecnologia e sociedade, aos currículos e à formação inicial e continuada dos profissionais e dos professores da área tecnológica, o NEPET, através de publicações em artigos de revistas e anais de congressos, teve um retorno significativo de inúmeros setores da educação, inclusive daqueles que não comungavam aparentemente das perspectivas teóricas por ele disseminadas.

Inicialmente, a intenção era de despertar para um debate pelo menos entre os professores da área tecnológica. Mas a ambição despretensiosa se configurou em algo mais estendido e concreto, através da sequência de atividades que foram sendo desenvolvidas e das expectativas que chegaram também aos estudantes de engenharia da UFSC e de alguns programas de Pós-Graduação.

No intervalo, desde sua fundação até meados de 2010, com um trabalho efetivo no campo CTS juntamente com a – Organização dos Países Ibero-americanos (OEI), o NEPET levou este assunto aos mais diversos fóruns, quer seja na produção de textos – inclusive como parte de um curso virtual da OEI, conforme consta na plataforma CTS/OEI (BAZZO et alli, 2003) – quer seja na provocação de discussões aqui no Brasil ou em outros países. Talvez por isso o enfoque acentuado sobre as reflexões se volte mais aos temas CTS, principalmente centrado nos imensos problemas da Inovação Tecnológica e de suas abordagens lineares e positivistas que raramente levam em consideração uma reflexão de cunho mais político, social e filosófico a favor do desenvolvimento humano.

O NEPET também chegou às salas de aulas e teve repercussões surpreendentes tanto em outras universidades quanto junto aos alunos do curso de Engenharia Mecânica e do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da UFSC (PPGECT).

Isso demonstra o imenso potencial raramente utilizado nas escolas que trabalham com a tecnologia. Nos mais diferenciados níveis dentro da universidade, os alunos presos aos seus herméticos currículos, sempre às voltas com seus projetos imediatistas de apenas “passar” nas diferentes disciplinas e de “ganhar” dinheiro o mais rápido possível, apresentam forte ligação com as concepções positivistas, demonstrando pouquíssima tolerância relativa aos assuntos que englobam o plano coletivo e social. No entanto, suas atitudes, conteúdos e capacidade problematizadora constituem os nossos objetos de pesquisa, análises e investigações.

O NEPET continua sendo o gerador das ideias mestras. Alguns participantes, por diferentes motivos pessoais ou profissionais, saíram e outros chegaram. É a própria dinâmica da vida: chegadas e partidas, (des)encontros e despedidas, idas e vindas.

Com o passar do tempo, as perguntas e os complexos entendimentos em torno do tema habitaram o nosso cotidiano – juntos impulsionaram e deram guarida a reflexões, nos impulsionando a sermos pretensiosos em disponibilizar alguns de nossos escritos em mais um texto direcionado à educação tecnológica e, quiçá, a outras áreas da educação humana.

Esperamos continuar contribuindo no desafio de educar pessoas e transformar os diversos espaços de convivência dos homens em lugares de paz e de harmonia.

Quem sabe este novo livro seja uma oportunidade marcante para que isso seja alcançado.

Os autores
NEPET – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica
EMC/CTC/UFSC
Florianópolis 2013

Sumário

Apresentação

Prefácio

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO 1
Tecendo novos caminhos

CAPÍTULO 2
Uma equação de várias incógnitas

CAPÍTULO 3
O caminho ainda é CTS?

SEGUNDA PARTE

CAPÍTULO 4
A tecnologia e o homo simbolicus

CAPÍTULO 5
Onde podemos ou queremos chegar?

CAPÍTULO 6
Qual formação profissional? Qual responsabilidade social?

TERCEIRA PARTE

CAPÍTULO 7
Essa tal filosofia

CAPÍTULO 8
Educação tecnológica e desenvolvimento humano (o que Rousseau tem a ver com isso?)

CAPÍTULO 9
Desenvolvimento tecnológico ou preservação da espécie

 

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