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Livro: Educação Tecnológica. Enfoques para o ensino de engenharia.


Considerações Iniciais:

Considerações iniciais

   É possível que a educação tecnológica não tenha sido alvo, ao longo de sua história, de críticas tão veementes e de questionamentos tão ricos como os que vem experimentando atualmente. Em vez de manifestar estranheza por estes fatos, podemos considerar bastante salutar que isso aconteça.Consideremos que, em algum momento de sua história, seria inevitável que isso acontecesse. Até porque jamais podemos esperar maturidade de uma área de conhecimentos sem que ela passe por momentos de crise; mais que isso: que ela seja alvo constante de reflexões, dúvidas, incertezas, análises, “balanços”, ovações. Por isso, nada a estranhar que críticas à própria tecnologia, como objeto de análise, vicejem num mar de necessários questionamentos, pois deles devem emergir constatações de necessárias inter-relações com todas as áreas de ação e conhecimento humanos.

   Isso tudo por certo é fruto de algumas novidades que envolvem as nossas relações com o que chamamos de tecnologia. Compreensões mais abrangentes do próprio conceito de tecnologia são algumas delas. A constatação de que profundas e rápidas transformações que se processam nas sociedades são, de certo modo, inevitáveis, e desejadas, é outra grande responsável por estas questões.

   Contribuem também para este momento rico de questionamentos as tecnologias de informação e comunicação, que, segundo interpretações correntes, reduzem o mundo a um ovo, desfazendo fronteiras geográficas, ao mesmo tempo que desnudam e ajudam a estabelecer abismos profundos entre grupos sociais.

   Nesse sentido, um deslocamento dos aspectos mais tradicionais permite tratar aspectos da tecnologia através de inter-relações mais realísticas, conferindo sentido a abordagens que até agora eram consideradas como não pertencentes ao campo de ensino das técnicas. Tomam corpo, assim, novos entendimentos sobre a tecnologia e sobre o seu papel, aceitando-a como produção social, da qual ela não pode ser separada. Portanto, neste entendimento, cabe aprofundar análises dos diversos aspectos que afetam a educação tecnológica, sob o prisma dessas novas compreensões.

   Cada vez mais, dúvidas a respeito da eficácia dos métodos e dos conteúdos da educação tecnológica, e das suas imbricações sociais, ganham espaços na mídia, nas conversas entre cidadãos comuns e nos meios acadêmicos. Às vezes, são veiculadas críticas severas, e muitas delas pertinentes, atingindo em cheio a supostamente tímida participação de seus resultados na busca de soluções para os problemas que se põem nas sociedades. Isso começa a preocupar inclusive setores sociais mais conservadores, para os quais a mudança é normalmente vista com muitas reservas, à medida que, a cada dia que passa, os problemas daí decorrentes tornam-se mais complexos. É de se esperar que estes problemas também sejam fruto do alto grau de entrelaçamento das questões técnicas com as diversas áreas do conhecimento humano.

   Apesar de suas amplas contribuições na formação de mão-de-obra qualificada, que têm contribuído para sustentar a continuidade das evoluções tecnológicas, e até em função de críticas que vem sofrendo, não podemos esquecer que esta forma de educação, tal como se pratica, está de fato necessitando de alguns ajustes.

   Reflexões acerca dos resultados e aplicações de tecnologias – que tanto deslumbram por suas badaladas utilidades – hoje mais do que nunca precisam entrar nas pautas de preocupações nos ambientes escolares, dada a admissão da importância do papel que a educação tecnológica possui num mundo reconhecido como tecnológico.

   Por mais paradoxal que possa parecer, não há como negar que, apesar da importância que é atribuída aos conhecimentos científicos e tecnológicos atuais, com maior ênfase aos tecnológicos, através dos quais parece aumentar o poder humano de explicar e controlar a natureza, grande parte da população mundial ainda passa por problemas e necessidades injustificáveis, quando se consideram as possibilidades técnicas disponíveis para saná-las. A vontade política tem sido apontada como uma das grandes responsáveis para a solução destes problemas. Mas é de se supor também que reflexões e ajustes no processo de educação tecnológica possam contribuir significativamente para melhorias desse quadro.

   Em vários dos países que começam a aprofundar suas análises acerca da imbricada relação entre desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento humano a inclusão de estudos no campo pedagógico e social toma importância ímpar.

   Algumas dessas reflexões aparecem agora através da publicação deste livro em forma de capítulos, às vezes estanques, que discutem alguns aspectos relacionados à educação tecnológica no Brasil, centradas no ensino de engenharia. Sabemos da complexidade da tarefa e da responsabilidade de incitar reflexões a respeito de tais temas. Mas acreditamos ser necessário, indispensável e inadiável ampliar este fórum de debates que, em princípio, pode parecer ser mais de caráter especulativo mas que, em função da sua urgência e importância, muito provavelmente se transformará, também no Brasil, em campo de estudo fundamental para o aprimoramento da tecnologia e do ensino tecnológico.

Prefácio à 2ª Edição:

Um segundo passo

   Confessamos que, depois de mais alguns anos percorrendo as praças da educação tecnológica brasileira, e depois de tropeçar em mais uns punhados de leituras e reflexões acerca do ofício docente, nos flagramos curiosíssimos em enfrentar mais este desafio: republicar um trabalho, inserindo nele intervenções cirúrgicas de pequena monta – mesmo assim importantes – e acrescentando dois novos capítulos.

   Além de incluir figuras – que quebram a aridez das palavras impressas e sintetizam conjuntos de idéias –, procedemos a pequenas atualizações, correções e acréscimos no texto original, sempre pretendendo torná-lo mais apropriado aos propósitos que tínhamos em mente: oferecer idéias para que se reflita acerca da educação tecnológica atual.

   Ao acrescentarmos dois capítulos, imaginamos que, além de meramente oferecer mais pontos para reflexão, introduzimos um tema de suma importância – as relações de gênero, assinado pela jornalista e pesquisadora Carla Giovana Cabral. Agregamos um capítulo-desfecho promissor, quando se trata de compreender o universo da educação tecnológica – um conjunto perguntas-respostas geradas no calor da realidade educacional brasileira.

   Quando um livro tem sua tiragem esgotada, é sinal de que algo nele agradou. Diz o ditado que em time que está ganhando não se mexe… mas o coração nem sempre aceita tão docilmente os ditames da razão. Aliás, é até possível que esta razão particular nem tenha fundamento defensável. Além do mais, mesmo que tempo e mudança tenham significados especiais residentes em nós, tudo indica que educação é atividade tão dinâmica, dialógica e fugidia que não comporta conclusão talhada em pedra.

   Estamos pois apostando menos na razão consuetudinária, juramentada e sacramentada, e mais na educação para um futuro.

Walter Antonio Bazzo
Luiz Teixeira do Vale Pereira
Irlan Von Linsingen

Florianópolis, agosto de 2008

Sumário:

Apresentação
Prefácio à 2ª edição – Um segundo passo
Considerações iniciais –
Introdução –

1 As Origens|

Surge um novo ensino –
Principais escolas técnicas francesas –
Ensino nas escolas técnicas superiores –
Escolas de engenharia –
Aspectos gerais do ensino técnico –
Convergências com o ensino atual –

2 A arte de aprender |

Uma visão problematizada –
Teoria e prática no ensino –
Uma busca de soluções –
Uma visão de mundo –

3 Contornos da Profissão|

Comunidade profissional e sua organização –
Coletivos eso e exotérico –
Funcionamento dos coletivos –
Como os coletivos interagem –
Uma terceira interpretação –
Enxergando o coletivo –

4 Aspectos da Profissão|

Uma compreensão da epistemologia –
Visões epistemológicas –
Empirismo –
Apriorismo –
Construtivismo –
Reflexos pedagógicos –
Ensino de engenharia, uma visão –

5 Relações Professor-Aluno|

Caracterização do problema –
Aspectos do ensino de engenharia –
Sobre as relações professor-aluno –
Perspectiva transformadora –

6 Avaliação de Conteúdos|

Uma visão geral da questão –
Porque, para que e o que avaliar –
Posturas subjacentes à avaliação –
Quem deve ser avaliado? –
Como se deve proceder a avaliação? –
Uma possível contribuição parao processo de avaliação –
Oportunizando a construção do conhecimento –

7 Avaliação como Técnica de Ensino|

Algumas questões de fundo –
Medição de conhecimento –
Alguns referenciais teóricos –
Uma experiência –
Outras avaliações –
Algumas orientações –
Provocações –

8 Obstáculos para Aprendizagem|

Contextualização do tema –
Pressupostos teóricos –
Discussão das respostas –
Significados autorizados

9 Transposição Didática|

Uma contextualização do tema –
Ciência, tecnologia e sociedade –
Uma compreensão de transposição didática –
Transposição no ensino de engenharia –
Entendendo um pouco mais o ensino de engenharia –
Um estudo de caso –
Considerações adicionais sobre o ensino tecnológico –
A título de conclusão –

10 CTS, Um Novo Campo de Estudos|

A técnica e seus desdobramentos –
CTS, seu público e objetivos –
O que é CTS –
Objetivos sociais de CTS –
Os públicos de CTS –
Mais justificativas para os estudos CTS –
Um paradoxo preocupante –

11 Abordagens da Técnica e da Tecnologia|

A importância de entendimentos explícitos –
Uma abordagem CTS –
O contexto CTS atual e o ensino de engenharia –
O que é técnica? –
O que é tecnologia? A questão da neutralidade –

12 Gênero, Ciência e Tecnologia|

Pioneiras na engenharia brasileira –
Panoramas –
A dimensão epistemológica –
Consciência crítica –

13 Algumas Reflexões|

As discussões –
Estratégia metodológica –
Formação docente –
Estratégia de aprendizagem –
Desenvolvimento humano –
Avaliação –
Paternalismo docente –
Postura didática –
Relações profissionais –
Conscientização docente –
Garantia de aprendizado –
Motivação discente –
Perfil docente –
Postura epistemológica –
Transposição didática –
Planejamento didático –
Motivação profissional –
Paradigma pedagógico –
Prova com consulta –
A título de conclusão –

Referências

 

 

 


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