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Livros Publicados pelo NEPET Livro: Introdução à Engenharia. Conceitos ferramentas e comportamentos.(4ª edição) Apresentação:
Uma nova edição Estamos comemorando o 25º aniversário de um livro que marcou época na Editora da UFSC.
Originalmente este texto foi escrito em forma de apostila, para servir de base para a disciplina Introdução à Engenharia Mecânica da UFSC.
Isso em 1986. Logo em seguida, incentivados por colegas, preparamos a primeira edição de um livro, publicado em 1988 pela Editora da UFSC.
Professor Walter Antonio Bazzo Professor Luiz Teixeira do Vale Pereira Prefácio:
Carruagem de fogo Embarcar num veículo em movimento, que já tem uma trajetória antiga e consolidada, que funciona como um sistema bem-estruturado, com personagens ocupando suas posições nos assentos, não é tão fácil quanto parece. Filmes de aventura, desenhos animados e jogos raramente espelham algum realismo nas suas fantasiosas cenas de heróis e bandidos saltando de um veículo em movimento para outro. Mas na vida real às vezes nem alcançamos o veículo. Quando conseguimos isso, temos dificuldade de nos equilibrarmos na sua carenagem, ou dentro dele. Quando muito, chegamos e mal entendemos as regras do jogo, de onde vem o veículo, como ele funciona, para onde vai, quem ou o que o comanda, onde está o manual de operação dos equipamentos de bordo. Enfim, temos de, com rapidez, embarcar, nos desembaraçar dos rituais de chegada, pegar o “jeito da coisa”, entender a linguagem utilizada lá dentro, as relações de forças e começar a colher os frutos da viagem, ou quem sabe até contribuir para corrigir o trajeto em curso. E no começo nem temos direito a assentos, ficamos pendurados nos estribos, nas cordas de segurança, segurando nas mãos dos mais experientes, tentando seguir algumas instruções e conselhos esparsos vindos não se sabe de onde. A cada curva, a cada irregularidade da pista ou mudança de velocidade, rodopiamos feito folhas secas num vendaval. Para quem chega, tudo é novo, complexo, mágico. A muito custo, com o tempo, a tempestade acalma, a poeira baixa, as coisas parecem fazer sentido, o novo pouco a pouco começa a ficar familiar. O complexo se transforma em algo instigante, um estímulo ao nosso intelecto, e o que antes parecia mágico revela-se um desafio à espera de solução. Mas nem todos têm a sorte de compreender todo esse processo a tempo de usufruir os serviços de bordo, os benefícios da aventura ou de se deliciarem com a privilegiada paisagem da janela. Embarcar num curso de engenharia é quase isso. Tudo já funciona, há regras, técnicas, procedimentos, linguagem própria, posições hierárquicas, história, teorias, conceitos, relações de interesses, enfim, um tabuleiro repleto de peças que dançam cumprindo papéis mais ou menos bem definidos. O quadro parece já estar pintado, cristalizado, emoldurado, tudo pronto, e só nos basta apreciá-lo, compreendê-lo, nos maravilhar com o seu esplendor. Engenharia: eis uma profissão que é fruto do trabalho de milhares de pessoas que, ao longo dos tempos, estudaram, arriscaram, investiram anos de suas vidas, que se decepcionaram e que exultaram com os resultados de suas soluções. Mais que isso: esta é uma profissão que precisa constantemente renovar seus arsenais de “mentes-de-obra” bem qualificadas, irrequietas, criativas, dispostas a batalhar e a ultrapassar limites, curiosas. A engenharia é um formidável veículo que se move e que, a cada nova estação, arregimenta pilotos, passageiros, colaboradores, entusiastas, críticos, todos ávidos por fazer parte do cenário, cheios de esperança, motivação e energia, mas também repletos de dúvidas, incertezas e medos. Afinal, estão embarcando numa “carruagem de fogo”, e muitos dos novos personagens que entram em cena só conhecem dela traços caricatos que pouco ajudam a entendê-la. Por isso, como numa imaginária carruagem de fogo, quem nela embarca precisa passar por um ritual de adaptação, para poder reconhecer o terreno, ocupar seus espaços, colher bom proveito do passeio. Afinal, não estamos falando de atividades profissionais num sentido genérico, de qualquer uma delas. Estamos falando da engenharia, justo a engenharia, esta fascinante atividade humana. Ela mesma, que é cheia de surpresas, suspenses, dúvidas, técnicas, experiências, soluções, teorizações, enfim, de um conjunto incalculável de conhecimentos que desafiam a nossa mente, e que, a cada novo problema, nos surpreendem e despertam novas idéias. Nessa profissão é como se, a cada virada de página, a cada gaveta aberta, a cada porta que se abre, a cada curva, um novo mundo fosse descortinado. As técnicas de fabricação, o processo de obtenção dos materiais, os fenômenos físicos, os procedimentos matemáticos necessários para o cálculo da estrutura ou os ensaios em laboratório envolvidos, por exemplo, numa lata de refrigerante, na sola de um tênis ou na maçaneta da porta de nossas casas revelam um universo inteiro de estudos, teorias, lutas, acertos e desacertos.
Para onde olharmos, lá estará a engenharia, veículo que embala fantásticos sonhos da humanidade. Na roupa que vestimos, na comida que comemos, no livro que lemos, nos carros, no cinema, na televisão, no consultório médico, no show de nossa banda preferida, lá está ela no palco dos acontecimentos. Introdução à engenharia: conceitos, ferramentas e comportamentos é um texto que busca facilitar o embarque na carreira, abreviar o tempo de adaptação, acelerar o processo de decantação da poeira, mostrar as possibilidades e os encantos da profissão. Mas nós não pretendemos que ele seja um bote salva-vidas, uma porta de emergência, um lenitivo capaz de resolver qualquer disfunção do sistema. Buscamos, com este texto, oferecer uma contribuição para o ensino de engenharia no Brasil, visando aos recém-ingressos nas suas mais diversas habilitações. Sua origem remonta a 1986, quando preparamos uma primeira apostila para uma disciplina de introdução à engenharia. Ao longo desse tempo, o material original foi transformado num livro – que gerou várias edições e inúmeras tiragens. A sua história e transformação agora num novo livro – basicamente com o mesmo propósito dos anteriores, mas com conteúdo aprimorado e viés epistemológico diferente – revela antes de mais nada uma aposta na sua pertinência pedagógica e técnica e na sua adequação ao cenário educacional brasileiro. Em linhas gerais, este livro aborda a estrutura, alguns limites, a trajetória, os compromissos técnicos e sociais e algumas ferramentas de trabalho da engenharia hoje praticada. Ou seja, buscamos ajudar a esclarecer quem é esta entidade desconcertante – a engenharia, carruagem movida pelo fogo do deus mitológico Prometeu –, tornando menos árduo e mais prazeroso o embarque na profissão. Walter Antonio Bazzo Sumário:
Capítulo 1 Chegando à universidade Ponto de partida
Capítulo 2 Um método de estudo Condições para viabilizar o estudo
Capítulo 3 Comunicação
O engenheiro e a comunicação Capítulo 4 Pesquisa tecnológica
Bases da sociedade moderna
Capítulo 5 Criatividade
A arte da engenharia
Capítulo 6 Modelos e simulação
Modelagem
Capítulo 7 Otimização
A procura por melhoras soluções
Capítulo 8 Projeto
A essência da engenharia
Capítulo 9 Origens da engenharia
Por que estudar história da engenharia?
Capítulo 10 O engenheiro
Engenharia e sociedade
Referências Apêndice Sistema Internacional de Unidades
Regras de emprego do SI
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