EMC 5004 Introdução à Engenharia Mecânica | 2018-1
Respostas dos calouros 2018-1 à pergunta: Por que faço Engenharia Mecânica?
A 01 Meus pais possuem uma empresa pequena e sempre quiseram que eu seguisse o caminho
deles, entretanto, apesar de sempre estar conectado à empresa, eu sempre quis estudar e seguir
outros caminhos, principalmente porque eu sempre gostei de estar em ambientes que me motivassem
a aprender e sair da zona de conforto, pois sempre busquei me provar e ser um dos melhores no
que faço.
A decisão a respeito do curso surgiu a aproximadamente 1 ano; eu sempre gostei de exatas e, com
meu pai, sempre discutimos a respeito do funcionamento das coisas, mesmo ele tendo cursado
apenas a “Universidade da Vida”; então, no final de 2016, eu e uma amiga começamos a conversar
sobre os cursos que pretendíamos, e foi assim que conheci a Engenharia Mecânica; logo de cara
percebi [que] esse provavelmente seria o meu curso: eu gastava de construir e montar coisas,
mas não queria saber de cursar Civil. Foi assim que vim parar aqui.
A 02 Quando comecei o curso na Universidade de Brasília (UnB), eu queria ser um inventor;
identificar problemas, resolvê-los e entregar uma solução ou uma ferramenta me traria a
realização profissional.
Porém, após conhecer o curso e participar da equipe de minibaja por três anos, vi que o trabalho
do engenheiro, principalmente no mercado privado, é muito mecanizado, estressante e carece de
uma função social. Muitos amigos formados acabavam como um número e uma despesa para alguma
empresa multinacional, ganhando muito dinheiro ao custo de falta de saúde e realização pessoal
e profissional.
Neste cenário, vi na academia uma saída para que pudesse fazer o que gosto (Engenharia Mecânica)
sem ser muito afetado por tais problemas. Após participar de um programa de iniciação científica
e trabalhar como professor particular para alunos do ensino médio, pude confirmar o que já
desconfiava: quero ser professor de Engenharia Mecânica.
A 03 Tudo começa após um acidente em 2010 que mudou minha vida totalmente. Após esse
trauma, veio a adaptação e suas dificuldades as quais eu sempre tive que me superar para viver
normalmente. Até que em 2015 ingressei na musculação e me apaixonei pelo esporte, mas a
dificuldade em conseguir praticar o esporte me fez criar novas formas onde eu pudesse
desenvolver e conquistar o objetivo esperado.
Mas a decisão do curso veio mesmo após presenciar mais de perto esses atletas paraolímpicos,
onde muitos, mesmo sem aparelhos específicos para cada modalidade, davam o melhor de si da
melhor forma que podiam.
Então essa é a minha motivação para fazer o curso onde não só eu, mas várias pessoas irão se
beneficiar pelos meus feitos.
A 04 Era uma vez um garoto chamado Fulano. Esse garoto, desde criança, nunca teve muito
interesse em ler ou escrever, o que ele realmente gostava era de calcular. Então, quando Fulano
estava no terceiro ano do ensino médio, ele precisou fazer uma escolha, a escolha do que cursar
na faculdade. Como ele não gostava de escrever, eliminou as áreas das linguagens e das humanas;
como não gostava de mexer em seres vivos e de estudar a natureza, também eliminou as ciências
biológicas. Isso o deixou com a área das exatas e era exatamente isso que ele queria, porém
outro dilema: o que escolher dentro dessa área? Depois de algumas pesquisas ele descobriu
exatamente nada que o ajudasse. Então foi conversar com pessoas que já tinham feito essa escolha.
Isso também não o ajudou muito. Com as inscrições dos vestibulares ele decidiu que faria a mais
atraente: a Engenharia Mecânica.
A 05 Engenharia é o caminho para o desenvolvimento tecnológico e Fulano escolheu a
Mecânica, crê ele que com as ideias e oportunidades corretas seria capaz de inovar, desenvolver
tecnologias automobilísticas necessárias e que seriam comuns futuramente.
As suas conclusões eram de que carros com motores a combustão poderiam trilhar dois rumos, ou a
exaustão ou a modernização para uso de combustíveis renováveis, hibridização e melhoria da
eficiência.
Sicrano escolheu engenharia por isso, para melhorar as máquinas atuais de maneira que não
prejudiquem a natureza e sobrevivam ao término de petróleo, ele quer um futuro sustentável.
Ele sou eu, autor desta crônica e que espera alcançar todos os seus objetivos.
A 06 O interesse por engenharia começou de uma forma muito básica: desmontando as coisas
e não conseguindo montar de novo depois.
Com isso e com uma certa facilidade em Matemática e Física, a engenharia começou a fazer parte
dos meus planos.
Paralelo à engenharia surgiu o sonho de fazer parte das forças armadas, mais especificamente da
Marinha, por conta da minha grande paixão pelo mar. Assim, aos meus 13 anos comecei a estudar
para ingressar no Colégio Naval, mas de primeira acabei não passando.
Com o curso pré-militar que estava fazendo, consegui passar no IFPR, com a dúvida entre
eletrônica e mecânica, mas por motivo de sorteio me encaminhei para mecânica e me apaixonei pelo
curso.
Porém o sonho de defender o Brasil não acabou, e novamente fiz o pré-militar, dessa vez para a
Escola Naval, onde poderia me formar como engenheiro da Marinha; mas, como antes, não passei de
primeira. Assim, resolvi ingressar na UFSC no curso que já gostava e pretendo continuar tentando
a Escola Naval até a idade não permitir mais.
A 07 Primeiramente acho que sou “apaixonado” por ciência desde que comecei a ter essa
matéria na 6ª série. Isso me levou a criar um vínculo com a área de exatas, inicialmente com
Química e posteriormente com Física, especialmente os fenômenos e inclusive a matematização e
escala do mundo para o entendimento humano. Dessa forma, a engenharia pareceu-me uma escolha
sensata, apesar de ser um universo bastante inexplorado para mim. Por isso estou aberto para
conhecer o máximo possível do que é este curso que desde a antiguidade transforma o mundo como
vemos e possibilita, em maior parte, a melhora nas condições de vida da sociedade. Como por
exemplo o transporte, o aumento na produção de alimentos e também o cuidado e a preservação do
meio ambiente, uma área que me interessa bastante: a criação de um desenvolvimento mais
sustentável, entre outros. Eu fielmente acredito que é dever de todo ser humano tentar tornar o
mundo melhor durante a sua vida e a engenharia parece ser minha maneira para atingir esse
objetivo. A mecânica me atrai por lidar com aparelhos manejados diariamente, estas presentes na
maioria das atividades humanas que envolvem uma necessidade de máquinas e maneiras de facilitar
uma atividade. E penso que este tipo de função me atrai para a Engenharia Mecânica.
A 08 Foi em um daqueles dias ansiosos de retorno às aulas do ensino médio, ano de
formatura, que tive que optar o que faria fora da escola. Uma decisão difícil e não muito exata;
já havia conversado com muitos adultos experientes e seus relatos se pautavam em não ter
certeza absoluta (acho que nunca teremos certeza absoluta das coisas) se escolhera o caminho
certo.
Hoje, depois de dois anos, já com uma escolha pré-definida e ingressando na universidade, me
veem à cabeça os motivos pelos quais optei pela engenharia e pela mecânica. Talvez como um
norte para minha bússola, a proximidade e “facilidade” com as exatas me trouxe até aqui
(confesso que ainda tenho uma paixão pela escrita, algo que tratarei mais tarde), ou talvez a
oportunidade de ter uma excelente universidade nessa área de atuação no quintal de casa tenha
me tentado a escolha.
Depois de pesquisas e conversas, optei naquela época de terceirão pela Engenharia Mecânica,
curso no qual vi uma vasta abrangência tanto em áreas da própria engenharia quanto em outras,
como por exemplo bancos. Essa escolha remete a uma vontade pessoal de conhecer de perto as áreas
de atuação para depois focar em uma especificidade. Sempre curti o setor automobilístico e sou
curioso pelo aeroespacial, mas tudo serão próximos capítulos dessa minha trajetória no meio
acadêmico.
A 09 Em meu segundo ano do ensino médio, ao optar por uma graduação, fui convidado por
meu primo e professor [...] a conhecer as instalações da UFSC, os projetos e empresas de
graduandos do curso de Engenharia Mecânica. Dessa forma, tive a oportunidade de observar a
variedade das áreas de atuação, como refrigeração, acústica, indústria metalmecânica,
biotecnologia – desenvolvimento de próteses –; tendo isso em mente, decidi cursá-lo pelo
interesse nos processos técnicos e nas áreas referidas.
A 10 Tendo em vista o ensino técnico que tive entre os anos de 2014 e 2017 na área de
eletrônica, meu interesse pela área da tecnologia sempre foi notório, se tornando ainda mais
expressivo em momentos do curso em que não havia a possibilidade de se continuar com a análise
de um modelo por falta de conhecimento de algumas ferramentas matemáticas como limites,
derivadas e integrais, tópicos que infelizmente não são abordados no ensino médio técnico e
muito menos o tradicional. Tal interesse somado à certa facilidade nas ciências exatas acabou
por me incentivar a cursar engenharia.
Já meu gosto pela área mecânica veio de um projeto de robótica do qual participo no IFSC desde
o final de 2015. Apesar de dentro dele eu ser hoje o mentor da área da programação, sempre
participei ativamente dos demais setores da equipe, em especial o da mecânica, onde desde o
início me animava no processo criativo dos novos robôs, e na fabricação de seus componentes.
Junto a isso, meu grande gosto pela área aeroespacial, em especial o desenvolvimento de novas
tecnologias para viagens espaciais, me fez considerar o curso de Engenharia Mecânica como ótimo
patamar inicial para futuras especializações na área acima.
A 11 Durante toda a minha formação acadêmica eu tive dúvidas sobre o que eu queria cursar.
Durante esse percurso eu me interessei por algumas áreas, como jornalismo e medicina veterinária,
mas percebi que, por alguns motivos, não conseguiria ser a profissional que eu almejo ser se
matriculada em um desses cursos.
Meus pais são engenheiros bem sucedidos que construíram tudo o que têm a partir de muito esforço
e muito estudo, sendo assim meus maiores exemplos. Com isso em mente, me perguntei diversas
vezes se eu não deveria seguir seus passos e cursar Engenharia Civil, mas sempre cheguei à
mesma resposta: Engenharia Civil não me interessa. A partir disso, busquei entre as diversas
ramificações que a engenharia oferece e a mecânica me chamou a atenção por me oferecer a
oportunidade de trabalhar com carros, maquinário, automobilística, uma área pela qual eu sempre
me interessei.
Não sou a melhor aluna de Física e Matemática, mas acredito que com um pouco de esforço e
trabalho duro posso conquistar muito conhecimento e uma vida digna a partir do curso que eu
acredito ser o melhor para mim.
A 12 Diante do cenário de uma sociedade automatizada em que vivemos hoje, entender os
processos e métodos da ciência por trás desse desenvolvimento tecnológico é fundamental para
compreender nosso papel como seres humanos e o impacto da tecnologia na sociedade. Por esse
motivo e pela minha facilidade em disciplinas das ciências exatas, decidi que queria seguir na
área da engenharia.
Dentre as diversas opções de habilitação, escolhi a mecânica por ser, ao meu ver, uma das
engenharias mais abrangentes, envolvendo o estudo e produção científica em vários campos, como
a geração de energia, o desenvolvimento de inovação para a indústria 4.0, internet das coisas
etc., áreas que são do meu interesse.
Espero aprender muito durante o curso e me tornar um profissional consciente da nossa sociedade
e colaborar para um mundo melhor.
A 13 Durante a minha formação como cidadão, principalmente em momentos e atividades
ligadas à escola, sempre me vi interessado em disciplinas relacionadas às áreas de Matemática e
ciências naturais, essa que posteriormente, no ensino médio, seria representada por Física e
Química. Além dessa aptidão, minha constante e crescente curiosidade em compreender os
diferentes mecanismos presentes na sociedade, ligadas, geralmente, às áreas tecnológicas, fez
com que meu interesse na área de engenharia aumentasse.
Nesse sentido, ao analisar o mundo atual, desenvolvi uma vontade, a qual está gradativamente se
tornando uma necessidade, de auxiliar no desenvolvimento e melhoria de atuais e futuros
sistemas tecnológicos, dentre esses os meios automobilístico e aeronáutico.
Sendo assim, pretendo encontrar no curso de Engenharia Mecânica meios para atingir essa minha
vontade, sempre no intuito de proporcionar a todos sistemas mais eficientes, acessíveis e,
principalmente, seguros.
A 14 Desde criança fui fascinado por Matemática e pelos diversos exercícios de
raciocínio colocados diante de mim. Entretanto a minha escolha por uma carreira e por um
projeto de vida se apresentavam vagos. A única certeza presente em meus planos era: o caminho
certo é aquele que melhora os caminhos alheios.
Vivendo anos de pesquisa individual e de interesse pessoal, vi na engenharia grandes
oportunidades de impactar positivamente o mundo. Seja criando, adaptando ou resgatando ideias,
o engenheiro pode contribuir de forma fantástica na construção da sociedade. Nesse contexto, a
próxima decisão a tomar seria em qual das áreas concentrar meus esforços.
A opção pela Engenharia Mecânica aconteceu quando percebi a onipresença da área em toda a minha
vida. Ao refletir sobre a infinidade de soluções, simples ou complexas, das quais eu poderia
fazer parte, me encantei e tive a segurança de que tinha achado meu objetivo. Em meio às
máquinas, engrenagens, laboratórios e convívio, tenho a expectativa de um grande projeto: um
mundo melhor.
A 15 Se eu pudesse enfatizar uma característica marcante minha que há muito tempo me é
comum, seria a curiosidade. Desde cedo sempre me perturbava com o que não entendia e, por isso,
manifestava o meu desconforto interno através de perguntas das quais, por mais óbvias que
transparecessem, causavam dúvidas ou desinteresse.
Nesse sentido, durante a minha vivência no espaço acadêmico sempre me interessei por conteúdos
que pudessem instigar a noção que temos das coisas distanciando-as, portanto, do senso comum.
Assim como esperado, Física e Química tornaram-se uma paixão diária e a Matemática um
instrumento capaz de comprovar e aplicar ideias outrora desconhecidas.
Dessa forma, eu acredito que a partir da Engenharia Mecânica terei a oportunidade de
proporcionar mudanças de forma consciente a fim de quebrar preconceitos paradigmáticos e trazer
boas condições de vida – seja por via financeira, seja em âmbito social – para quem acreditar
nesse ideal.
A 16 Por que escolhi Engenharia Mecânica? É um curso extremamente abrangente, terei
muitas oportunidades para conhecer e estudar tópicos que são muito intrigantes para mim. Desde
pequeno sempre me encontrei muito motivado para entender o funcionamento e a fabricação das
coisas do cotidiano. Aliás, meu pai trabalha na WEG; tal fato me proporcionou o contato com os
mais diversos e complexos equipamentos, instigando ainda mais a minha curiosidade sobre o
funcionamento das coisas.
Quero aprender a consertar ventiladores, motores, enfim, saber solucionar os problemas que
envolvem as “tralhas” do dia a dia. O curso de Engenharia Mecânica foi aquele que parece
fornecer o maior número de respostas para as minhas indagações, justificando a minha escolha
pelo mesmo.
Espero que o curso me ajude a evoluir como pessoa e futuro trabalhador da área.
A 17 Assim como muitos graduandos dos cursos de Engenharia Mecânica, uma grande motivação
foi a afinidade e interesse por disciplinas da área de exatas, como Física e Matemática. Além
disso, existe uma curiosidade de entender mecanismos e fenômenos físicos – desde compreender
como as chuvas se formam até a aerodinâmica envolvida em um avião, por exemplo – que desde a
infância sempre cresceu comigo e foi mais um impulso para a área das ciências da natureza.
A escolha de Engenharia Mecânica veio após muitas ponderações entre diversos cursos, entre eles
o de Física em si, devido à grande oportunidade de trabalhar com pesquisas e áreas acadêmicas
nessa graduação. Porém, considerando que também há essas possibilidades em um curso de
engenharia, ele pareceu a melhor opção devido ao mercado de trabalho. Depois de analisar vários
cursos de engenharia, a mecânica foi escolhida por possibilitar pesquisas e estudos em áreas do
meu interesse, que variam desde o setor aeroespacial, no qual podem até ser aplicados conceitos
de física moderna, até o que envolve biomecânica.
A 18 No nosso cotidiano, fazemos uso de vários produtos que passaram por um grande
processo de planejamento e produção para atender nossas necessidades e facilitar nossas vidas.
Esse planejamento produtivo visando a melhoria na qualidade de vida é o papel do engenheiro.
O uso constante desses produtos desperta uma curiosidade sobre seus processos de fabricação e
como eles funcionam para exercerem suas funções, como também sobre o desenvolvimento do
conhecimento correlacionado com outras áreas de estudo para o surgimento da tecnologia.
Além disso, a engenharia é um caminho para a solução de diversos problemas. O engenheiro vendo
esses problemas pode pensar em algum modo de solucioná-los.
Portanto, a engenharia nos possibilita a ter uma vida mais fácil (melhor qualidade de vida a
partir de mordomias de produtos), amenizar a solucionar problemas sociais e a desenvolvimento
do conhecimento.
A 19 Os encanamentos do coração.
Certo dia tomei uma carona com um homem robusto. A forma física avantajada era a fonte da minha
suposição de que sua mente era infértil. Mas a solução deste falso paradoxo era simples: há um
tempo para se exercitar a mente e outro para promover o avanço do corpo ou, mais facilmente,
iniciar uma conversa com o motorista.
Logo que entrei no carro – me sentia exausto das horas apontando o polegar para a direção do
meu destino – aliviei minhas dores com uma profunda respiração e fui recebido com alegria e
expansividade de gestos pelo homem. Apresentei minha história – jovem e confusa. Ele apresentou
a dele – experiente e sábia.
Gaúcho de origem e Engenheiro Mecânico de profissão, o robusto ser me contou os meandros de sua
vida: a mãe gaúcha e o pai chileno sempre lhe dividiram durante a infância e a adolescência; a
formação se deu nas proximidades do deserto do Atacama, mas o exercício da profissão ocorreu ao
redor de sua genitora em Porto Alegre. A engenharia era-lhe tão cara quanto a família e por
isso, no decorrer de toda viagem, explicou o funcionamento da máquina que nos locomovia e
sempre tomava esta área de atuação como sustentação de suas metáforas sobre a vida.
Eu, com meia inocência e meia perspicácia, questionei-lhe: crê no futuro desta máquina
automotiva e de sua profissão? Ele respondeu com agilidade, mas com uma indagação inicial: tens
uma namorada? Confirmei positivamente sua questão e ele retomou sua retórica. Pois bem, jovem.
Da mesma forma que tu a tens agora e a amas infinitamente, jurando-lhe eterno amor, eu amo a
Engenharia Mecânica pelo prazer que tenho em ver os eletrodomésticos que projeto nos rostos de
seus usuários e não penso no futuro de minha carreira, mas sim na alegria que gero.
Chegado ao meu destino, despedi-me do homem robusto com um forte abraço e, em casa, beijei
minha namorada com mais vigor do que nunca. Minha capacidade de amar crescera e expandia-se
para meu novo destino: e tornar um grande Engenheiro Mecânico tal qual o motorista.
A 20 Meta de vida.
Um dia, durante as férias de verão, eu e minha prima resolvemos assistir a um filme de romance,
gênero do qual nunca gostei muito, mas era o suficiente para passar o tempo. O enredo era
basicamente isto: uma mulher com cerca de 30 anos descobriu que possuía a doença Mal de
Parkinson e o homem pelo qual se apaixonou tinha que decidir se era capaz de lidar com essa
situação.
Apesar de ser um enredo clichê – garoto doente que precisa de uma parceira para ajudá-la –, o
que mais me chamou atenção não foi a história, mas o fato que, em meio a uma sociedade que se
considera tão evoluída tecnologicamente, não havia nenhuma tecnologia economicamente acessível
para ajudar pessoas com algum tipo de incapacidade física a realizar tarefas básicas como se
alimentar e escovar os dentes.
Até aquele momento eu não sabia qual profissão eu faria, porém a partir daquele momento eu
construí uma meta de vida: trabalhar duro para mudar a vida das pessoas, mesmo que fosse de
apenas uma. No entanto, eu não tinha ideia de como o faria.
Inesperadamente, naquele mesmo dia, passou uma reportagem no Jornal Nacional sobre um grupo de
profissionais, cujo líder era um Engenheiro Mecânico, que havia desenvolvido o protótipo de uma
luva capaz de oferecer um pouco de estabilidade às mãos de pessoas que sofriam de mal de
Parkinson.
A partir daquele momento eu passei a acreditar em destino e amor à primeira vista. Nunca havia
pensado em cursar engenharia, apesar de gostar da área de exatas, mas quanto mais eu pesquisava
sobre a Engenharia Mecânica e seu impacto na sociedade (quando inspirada na solidariedade e não
no lucro), mais eu me apaixonava. Foi por isso que eu escolhi a mecânica: não por ser uma
profissão prestigiada socialmente, mas por dar-me a capacidade de tornar a minha existência
mais produtiva, não apenas lucrativa.
A 21 Ao longo do ensino médio, deparava-nos constantemente com um questionamento, a
priori simples: qual curso e profissão queremos para o futuro? Naturalmente, buscamos elementos
familiares e comuns a fim de fundamentar a resposta para tal questão, entretanto essa tarefa
não se apresenta de maneira fácil. Isso ocorre pois, em oposição ao mundo universitário, na
preparação para o vestibular há de se estudar e se dedicar a diversas áreas de conhecimento de
maneira obrigatória.
No entanto, mesmo sob tal obrigação, é possível encontrar temas e matérias que não só nos
chamaram atenção, mas também nos estimularam a buscar mais conhecimento e estudar mais. Essa
primeira impressão confere o primeiro direcionamento acadêmico que mais tarde implica a seleção
do curso a se seguir.
Sempre tive facilidade e interesse na parte das ciências exatas, logo, rapidamente, escolhi o
ramo da engenharia. Porém, a engenharia apresenta-se de maneira ampla, assim busquei direcionar
a área do estudo. Após inúmeras conversas com engenheiros, colegas de classe e familiares,
percebi que além da aplicação tecnológica, a Engenharia Mecânica também possibilita a
compreensão de diversas questões, tais como as relações interpessoais, conexão entre áreas
diversificadas do conhecimento e a maneira geral de como os elementos que integram o nosso
ambiente se relacionam. A partir desse momento, já tinha certeza da Engenharia Mecânica.
Ao longo de minha formação e como engenheiro, viso aplicar esse raciocínio e meios de integração
em conjunto com o conhecimento técnico e científico na formulação de uma sociedade mais humana.
Isto é, um ambiente em que existe o desenvolvimento tecnológico em função de uma constante
melhora dos padrões de vida. Dessa maneira, buscar-se-á o equilíbrio entre o desenvolvimento
científico e, tão importante quanto, o desenvolvimento humano.
A 22 Por qual motivo fazemos algo?
Toda a ação humana tem por objetivo a felicidade e a realização pessoal e cada ser humano, por
ser completamente diferente de qualquer outro (primeiramente por uma questão biológica e, tão
importante quanto, pela influência do meio em que está inserido), possui um conceito de
felicidade e o conjunto das coisas que a causam, único.
Desde criança (não faz muito tempo) sempre fui um tanto diferente. Enquanto meus colegas
perdiam horas com desenhos infantis, eu era fascinado pelos canais de ciência. Logo soube que
era ela, a ciência, que me traria a felicidade tão almejada pelos seres humanos.
Cresci e a ciência me acompanhou, mas nunca à escola, nunca me interessei pelas aulas regulares,
o que nunca me foi um problema; por consumir cada vez mais conteúdos científicos fora do
ambiente escolar, sempre passei sem escrever uma linha no caderno.
Certa vez, interessado pelo mar por ter começado a surfar, construí na garagem do meu avô um
barco a vapor para a feira de ciências. Sempre fui diferente no ensino fundamental.
Após essa fase, comecei o curso técnico em informática no IFC, onde (fora das aulas) comecei a
programar e participei de alguns campeonatos de robótica. Lá encontrei meus semelhantes: 9
rapazes apaixonados por ciência que acompanham até hoje.
Ao final do ensino médio, selecionei as opções de curso com os quais tinha afinidade para que
fizesse alguns testes; para minha alegria, o primeiro foi a engenharia e foi paixão à primeira
vista. Feito isso, comecei a analisar os cursos de engenharia para que eu encontrasse aquele
que me possibilitaria mais plenamente fazer ciência. Depois de muito pesquisar, conversar e
comparar escolhi a Engenharia Mecânica.
A 23 Carlos e a lâmpada.
Carlos, um estudante de uma tal engenharia, tenta compreender a obscura busca pela tal
“vocação”. Será esta singular? Terá esta um valor divino? Todas estas perguntas causam um
grande desconforto que outrora o fizera ser diagnosticado com ansiedade patológica e o manteve
por mais de um ano sob o uso de medicações psicoativas. Mas será que existe um caminho certo,
cheio de frutos, e os outros são destinados a falhar, a construir miséria? Esta pressão, somada
ao baixo desempenho que o tem feito reprovar em uma variedade de disciplinas, faz Carlos ainda
mais inseguro sobre sua vida acadêmica. A alegria de estar se mudando, entrando para uma
universidade, explorando um vasto mundo parecem infinitamente distantes...
De sua mesa, Carlos percebe, em o que parecem infinitésimos de segundos, a luz se esvair. A luz
na padaria em frente ao seu apartamento indica que não houve uma interrupção no serviço de
energia. Bocejando, Carlos busca em seu armário uma lâmpada nova, esta não era a primeira vez
que ficava sem luz em seu quarto. No entanto, trocar a lâmpada não parece ter ajudado em nada.
Carlos, sem conhecimento de elétrica, decide que vai dormir e amanhã chamará um técnico.
Infelizmente, já na cama, Carlos está agitado demais para pegar no sono: “Maldita lâmpada! Não
basta queimar, agora não sai de minha cabeça”. Sem nada além de suas cuecas, Carlos busca o
interruptor de eletricidade, desliga a luz fornecida a seu quarto e sala e com lanterna e chave
de fenda direciona-se ao seu quarto, decidido a resolver qualquer que fosse o problema. “Ou o
problema está nas pontas, tomadas e soquete, ou nos fios.” De fato, após olhar alguns vídeos no
Youtube, Carlos reconhece alguns fios isolados causando mau contato no soquete.
Após reparo, e a nostalgia das memórias de infância consertando seus brinquedos, Carlos suspira
e com um sorriso no rosto sente a paixão, até então apagada, arder novamente em seu peito. Sim,
ele estava no caminho certo, engenharia, problemas, tecnologia era sua paixão. Apenas, apenas...
havia mais perdas no caminho do que ele estava preparado.
A 24 Gostaria de aprender com o curso o funcionamento dos equipamentos que a sociedade
utiliza no dia a dia e com isso descobrir o porquê de sua criação e como está ajudando o meio
em que vivemos. Além de entender o que existe, principalmente dentro deste curso tão abrangente,
também pretendo melhorar ou inovar o mundo tecnológico de forma que possa incluir a necessidade
das pessoas e permitir uma inclusão social.
Mesmo tendo já cursado só um ano do curso, notei que o desenvolvimento de projetos, o
funcionamento das peças envolvidas está ligado ao funcionamento da sociedade – quando uma peça
não trabalha direito influencia em todas as outras e quero ajudar as peças – tanto de
equipamentos como da comunidade – entrarem em harmonia, fazendo com que os projetos desenvolvam
tecnologicamente o mundo enquanto trazem possibilidades igualitárias a todos.
A 25 A primeira coisa que me pergunto no momento é se algum dia vou reaprender a escrever
(aos leitores desse texto peço desculpas pelos garranchos).
Deixando essa questão banal de lado, começo a me questionar acerca dos motivos que me levaram a
escolher o curso de Engenharia Mecânica e a vir para a UFSC. Começando pela escolha da
universidade, sou natural de Cocal do Sul, SC, e lá vivi até meus 10 anos de idade, quando me
mudei com meus pais e meus irmãos pra Vitória, ES. Morei lá até o início de 2018, quando decidi
sair da minha zona de conforto, onde fiquei por vários anos, e crescer como indivíduo e cidadão
longe do abrigo de meus pais.
Esse foi, junto com o fato de a UFSC ser uma ótima universidade e de ter parentes por perto, um
dos principais motivos que me levaram a escolher a UFSC como segunda (talvez venha a ser a
primeira, quem sabe) casa.
Quanto ao curso, escolhi por achar que poderia ser uma ótima oportunidade de colocar em prática
meus conhecimentos da área de exatas, além de acreditar que seria um caminho interessante para
trilhar na vida. Nunca estive 100% certo quanto a qual opção de engenharia cursar, porém vi na
mecânica uma oportunidade de satisfazer meus desejos pessoais e, futuramente, profissionais.
Espero estar certo. No mais, tentarei me preparar para as surpresas que o futuro me reserva.
A 26 A datar dos primeiros anos na escola, o meu aprendizado consistiu em inícios e
términos de ciclos que certas vezes intimidaram minha vida de estudante.
No ensino médio, a dúvida que aterroriza a jornada de muitos estudantes confrontou-se comigo no
terceirão: qual graduação eu escolho?
Nesse cenário, as opiniões de amigos e familiares florescem em frases corriqueiras tais como:
“você deverá fazer Medicina” ou “fulano fez Direito e ganha bem”, no entanto, a inexistência da
afinidade com algumas matérias instigam uma nova pergunta: “existe futuro além disso?”, e a
resposta parcial surgiu rapidamente: “vou cursar engenharia”.
A facilidade com as matérias de exatas pesaram na escolha, entretanto ainda restava a decisão
da área que escolheria: civil ou mecânica, após discutir com graduandos do curso, ler as grades
curriculares e visitar laboratórios, a questão foi solucionada, a inserção para o vestibular
foi feita e a opção assinalada: Engenharia Mecânica.
A 27 Acredito que optei pela Engenharia Mecânica por alguns fatores. Primeiramente,
desde criança, sempre busquei respostas sobre máquinas e tecnologia que observava no dia a dia.
Por que necessitávamos de certas máquinas? Por que esse objeto tem essa forma? Como isso é
feito? Além dessas, diversas outras contribuíram para meu fascínio na área. Outro dos fatores
foi o interesse em buscar soluções para problemas na sociedade, pois sempre gostei e tive
prazer em ajudar as pessoas. Também considerei para minha escolha a questão de que, em minha
opinião, a tecnologia está associada com a evolução do ser humano, do espaço em que este vive e
de suas interações. Por fim, sempre me interessei por Física e Matemática, as quais são
bastante abordadas em diversas áreas do curso.
A 28 Estudei no Instituto Federal de Santa Catarina durante oito semestres e em um deles
tive a oportunidade de ter uma matéria de mecânica geral. Nesta matéria, ministrada pelo
professor Beltrano, ex-funcionário da WEG, compreendemos sobre os processos de soldagem, ligas
de aço, tensões em estruturas e outros temas, além de aprendermos a usar equipamentos de
medição como o paquímetro.
A matéria de mecânica geral me levou a enxergar pontes, construções e materiais metálicos de
outra forma, com um olhar técnico e investigador das possíveis razões para tal obra ter sido
feita de determinada maneira. Pretendo expandir o meu conhecimento sobre a mecânica das coisas
e poder não só olhar as coisas, mas também poder construí-las.
A 29 Desde criança fui fascinado por montar e desmontar brinquedos, que iam de um
simples lego a carrinhos de controle remoto, sempre tentando entender e modificar o
funcionamento e função de certo objeto. Essa vontade de descobrir o porquê das coisas
contribuiu e muito para a escolha do curso em Engenharia Mecânica.
Com o passar dos anos entrei em um curso técnico, que me deu a oportunidade de expandir minhas
preferências de um futuro trabalho, e foi aí que conheci a área de projetos via desenhos e
softwares e com isso solidifiquei a ideia de me aprofundar nessa área em específico. Conforme
se passava o curso, eu me apaixonava cada vez mais pela engenharia, pois ela dava um
significado e um contexto às coisas e ainda por cima utilizava matérias que eu tenho uma maior
facilidade, como Matemática e Física.
Então, quando terminei o ensino médio já tinha formado em minha cabeça a ideia de ser um
engenheiro, mas não de qual engenharia. Foi aí que pesquisei sobre mecânica, a qual me
identifiquei mais, uma vez que com o curso técnico tive uma pequena experiência de como era a
arte de ser um Engenheiro Mecânico e com que ele lidava.
Sendo assim, aliei o útil ao agradável, a vontade desde pequeno a ser um descobridor do porquê
das coisas e a engenharia como uma boa resposta às minhas dúvidas.